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O PORTO QUE POSSUÍAMOS

 

Não sei se tem algum valor na economia da Região o antigo – que, na ilha foi o principal – porto das Lajes do Pico. Pelos factos que vão ocorrendo tudo indica que a navegação, porque desviada para outras bandas, deixou de interessar-se por este lado sul da Ilha, abandonando o porto que a serviu durante cinco séculos.

Por aqui passava mensalmente o barco misto – passageiros e cargas, e o barco de carga – da empresa concessionária. Daqui partiam durante o verão, os antigos “barcos do Pico”, a ligar as ilhas do grupo central e, mais tarde, a Ilha do Arcanjo. Aqui se desenvolveu a indústria baleeira em grande escala. Foi, como é sabido, o calafate lajense Francisco Experiente, que construiu a primeira canoa baleeira, que serviu de modelo a dezenas de outras que se espalharam pelos portos dos Açores, da Madeira e de Setúbal, e outros mais, onde veio a praticar-se a caça da baleia ou cachalote, e agora servem o desporto náutico.

Além das importações de géneros de diversa ordem, por ele se exportou o óleo de baleia, os lacticínios e o gado para abate em Lisboa e Madeira e, durante alguns anos, as conservas de peixe, estas até para os Estados Unidos.

Tudo passou. O porto das Lajes do Pico, por virtude de uma discutível e perniciosa medida política de um governo da Autonomia, deixou de ser utilizado e ficou na degradação e no esquecimento. Uma autonomia que quase só é a concentração de poderes numa ou duas ilhas, com prejuízo  das restantes que continuam a ter um funesto e delapidado estatuto de secundárias,  praticamente sem voz, para defender os seus legítimos direitos e interesses.

Os utentes do porto tiveram de rumar a outra zona portuária. E até os trabalhadores que nele prestavam serviço, os chamados estivadores, foram atingidos. Alguns foram dispensados. Outros passaram para o porto que passou a denominar-se de comercial.

Quase simultaneamente, proibiu-se a caça do cachalote. Desmantelaram-se as respectivas sociedades armadoras. O recheio desapareceu e as canoas e lanchas de reboque foram distribuídas por portos sem tradição baleeira, para serem utilizados em desportos náuticos.

Tudo isso aconteceu em trinta anos de vigência de Autonomia. Uma autonomia que, repito, beneficiou uns em prejuízo de outros.

O povo, sem ter para onde reclamar, submisso e ordeiro, aquietou-se.

Somente uns bateis de pesca ficaram utilizando o velho porto.

Ficou o Museu dos Baleeiros, porque a tempo se alvitrou a sua criação. Felizmente, um museu que continua a ser o mais visitado de todos museus existentes nas ilhas e, dizem, do continente. Todavia, estão a encaminhar para outros sítios os assuntos relacionados com a antiga actividade. Porquê?

Depois surgiu o whale watching trazido por um industrial estrangeiro. E ficou. Uma actividade explorada com barcos especiais, e que, mesmo assim, atrai inúmeros visitantes, curiosos por verem de perto o monstro marinho. Mas parece que não durará muito tempo, uma vez que já passou a ser praticada em diversos portos açorianos, mesmo sem tradição ou de diminuta actividade baleeira.

Na zona do porto construiu-se, recentemente, um molhe há centenas de anos reclamado, para a defesa da vila. O mar, porém, vai-se encarregando de desfazer aos poucos o que foi construído com regozijo dos lajenses... Mudou o rumo das vagas e salvaguardou a zona Norte, o que mesmo assim representa notável benefício.

Todavia, o cais de desembarque, que nunca foi concluído, podia tê-lo sido sem grandes dispêndios, ou incluído nas obras da muralha ou no pontão de ligação construído, posteriormente. Mau grado nosso, optou-se por deixá-lo no estado primitivo.

Quando se inauguraram os navios “Cruzeiros”, - e parece que já vão ser substituídos! – um deles fez a viagem inaugural pelo Sul do Pico até Santa Cruz das Ribeiras. Julgou-se que seria o início das viagens do Sul. Tudo miragem...

É de lembrar que, com as obras realizadas, o porto das Lajes, actualmente, oferece condições de segurança a quem o demande.      Façam-lhe somente uma escalera pelo lado do Poção e retirem-se os restos de rocha que ficaram e que agora foram assinalados com bóias...e a situação modificar-se-á, totalmente.

Somos uma ilha e como tal rodeada de mar por todos os lados. Isso até se aprendia na escola primária (hoje básica). Como tal saibamos aproveitar esse mar em todas as suas potencialidades, utilizando todas as riquezas que possui e não somente o peixe que, mesmo assim, nem por cá fica...

A avoenga Vila das Lajes continua a ser desmantelada com o camartelo do perverso progresso. Tudo daqui levam, e nem só o porto!...

Até quando esta dramática situação?

 

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